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domingo, 29 de abril de 2012

MEU RETRATO

MEU RETRATO
*
Quem pintou o meu retrato
Com as pálidas cores da vida
Por certo desconhecia
Minha porção atrevida.
Meu desejo de viver,
Meu eterno renascer,
Por ser mulher aguerrida.
*
Prepare tinta e pincel
Retoque sua aquarela.
Deixe o rubro do sertão
Carminar a sua tela.
Não me deixe descorada
Pois não me vejo apagada
Nem iluminada à vela.
*
Não queira me desenhar,
Sem saber minha história.
Pois sairia falso o tom
Na riscada trajetória.
Não faça de mim um borrão
Com sua coloração
Se não me tem na memória.
*
Texto de Dalinha Catunda
Foto do acervo de Dalinha Catunda

quarta-feira, 25 de abril de 2012

JATOBÁ, UM RIO DE SAUDADES


JATOBÁ, UM RIO DE SAUDADES
*
Quem te viu e quem te vê
Oh meu velho Jatobá.
O rio da minha infância
Vivida no Ceará.
Agora tão poluído,
E se não for acudido
De ti não sei que será...
*
Já não se vê as meninas
Correndo pra se banhar,
Menino bobo espreitando
Somente para espiar.
E o canto das lavadeiras
Não se escuta em Ipueiras
Meu rio vai se acabar...
+
Se não se acabar de vez,
Vai mudando de feição,
Pois recebendo esgotos,
Abriga a poluição.
Com isso perde a cidade
Que vai viver de saudade
Com o rio no coração.
*
Centenárias oiticicas,
Ladeavam tuas beiras,
Não vejo mais o angico,
Nem as velhas ingazeiras.
Ainda posso encontrar
Mas se muito procurar
As lindas carnaubeiras.
*
Os machados e queimadas.
Causam a destruição.
O homem inconsequente,
Utiliza sua mão
Para acabar com a riqueza,
Encantos da natureza,
Agora em degradação.
*
O RIO DE FRED MONTEIRO
E eu, o que vou dizer
do velho Capibaribe
que corta minha cidade
se encontra com o Beberibe
pra formar o oceano
(orgulho pernambucano)
quem sabe até o Caribe?

O meu rio já foi limpo
alimentou muita gente
e quando eu era criança
mesmo inocentemente
tomei banho em suas águas
hoje eu choro minha mágoas
de um rio hoje doente

Mas tenho ainda esperança
de pintar uma aquarela
Volte o rio ao que foi antes
um rio de margens belas
e estou voltando a morar
no bairro mais singular
que é o Poço da Panela

Uma reserva de verde
que no Recife não há
o Poço é pura história
e eu quero ficar por lá
vendo o meu rio correr
o destino reverter
e a vida retomar
26 de abril de 2012 07:28
*
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domingo, 22 de abril de 2012

MEU BAIÃO-DE-DOIS


MEU BAIÃO-DE-DOIS
*
Chegando ao meu Ceará
Fui logo para o fogão.
Peguei feijão de corda
Cozinhei para o baião.
Peguei pimenta de cheiro
Ali mesmo no canteiro
Da mulher do seu João.
*
Peguei nata, peguei queijo,
De alho peguei uns dentes.
Da pimentinha de cheiro,
Já fui tirando as sementes,
E catei logo o arroz,
Organizando depois
Os outros ingredientes.
*
Quando o feijão ficou pronto
Com o arroz misturei
Botei um pouco de sal
Botei mais água e provei.
 Com a cebola na mão,
O tomate e o pimentão,
O baião eu temperei.
*
Pra ver se já estava seco
Meti a colher no centro.
Peguei o queijo de coalho,
Joguei uns pedaços dentro.
O queijo se derretia
Minha gula aparecia
Com o cheiro do coentro.
*
Após esta maratona
Ficou pronto o meu baião
Comida mais cobiçada
Pras bandas do meu sertão.
Repito: baião-de-dois,
Não é só feijão com arroz,
Tem segredo e tradição!
Texto e foto de Dalinha Catunda

quinta-feira, 19 de abril de 2012

A DOCE BANDOLINISTA


  A DOCE BANDOLINISTA
*
A prata cobre seus cabelos
Um sorriso borda seu rosto
De posse de um bandolim
Retira acordes com gosto
No semblante de Tereza
Resplende toda beleza,
A desluzir o desgosto.
*
Com Jeito e cheia de graça,
Ela abraça o bandolim.
E com seu ar de nobreza
Para a vida ela diz sim
Nem vê o sol quase posto
Reabre o sorriso no rosto
E assim desdenha do fim.
*
Renasce a cada canção
Que dita o seu dedilhar.
Transmite tanta emoção
Dificil não se encantar.
Ela nos leva as alturas
Espargindo só ternuras
Quando começa a tocar.
*
Texto e foto de Dalinha Catunda

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Cante aí que canto aqui



Dalinha e Fred Monteiro num rio de versos
FM
É um pingo, uma gotinha,
escorregando na eira,
vira um rio na biqueira
no riso da menininha..
E na rima de Dalinha
vai nascendo a esperança.
Ao ver sorrir a criança,
de alegria o sitiante
cava a terra, e num instante,
o sertão vira bonança !
DC
Se a chuva faz aliança
Com o povo do sertão
Transforma a situação
Muita fartura se alcança.
Na colheita é tanta dança,
Tem festa e animação,
Até eu danço São João
Pois gosto da brincadeira
Sempre fui mulher festeira
Preservando a tradição.
*
Nesta foto estou no rio que corta meu sítio, em Ipueiras Ceará, com a criançada.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

A CHUVA E O MEU CANTO


A CHUVA E O MEU CANTO
*
O Serrote está branquinho,
Já começou a trovejar,
- Menino vai trazer lenha!
Ouvia mamãe gritar.
- Tira a roupa do varal
Lá se vem um temporal
E corre pra não molhar!
*
Era a fartura das águas
Um festival de alegria,
Menino enchendo pote,
Lata de vinte e bacia,
Era grande a animação
Alagando meu sertão
Que encharcado sorria.
*
E a meninada corria
Pra se banhar nas biqueiras.
Nos quintais e nas calçadas,
Choviam as brincadeiras.
Eita gostosa lembrança,
Dos meus tempos de criança
Na cidade de Ipueiras.
*
O barquinho de papel
Sumia na correnteza,
Diante do meu olhar
Que em tudo via beleza
“Cai chuva de lá do céu”
“Cai chuva no meu chapéu”
Eu cantava a natureza.
*
Só sei que  viro menina,
Quando volto ao meu recanto.
Pois minha alma nordestina
Vai se vestindo de encanto.
Lá tudo me contagia,
Vou aspirando magia
E transformando-a em canto.
*
Texto e foto de Dalinha Catunda