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domingo, 30 de agosto de 2009

DESABAFO


Foto:numrepente.zip.net/images/lagrima23.jpg

DESABAFO

Dalinha Catunda

Estampar um sorriso no rosto,
Disfarçar nossos desgostos,
Ah! Isso sabemos fazer.

Mas, por que não chorar nossas mágoas?
Se o choro alivia a alma,
E nos devolve o prazer.

Por que esconder o pranto,
Com o canto que os males espanta,
Se lágrimas querem brotar.

Melhor que um sorriso amarelo,
É o soluço sincero,
De quem deseja chorar.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

RODA DA VIDA


Foto e poema de Dalinha Catunda

RODA DA VIDA

O que era pouco,
Acabou.
O que era vidro,
Quebrou.
E se meu mestre mandar?
Sem sombras de dúvidas,
Não, Vou!
Saio desta ciranda.
Não quero mais cirandar.
O laço que me embaraça,
Sem pena vou desatar.
Sou rosa desencantada.
És cravo sem coração.
Nem por ouro,
Nem por prata,
Te darei meu coração.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

DIA 22 DE AGOSTO DIA DO FOLCLORE



A Cruz Da Finada Marta

Ipueiras como muitas cidades do interior tem suas estradas cheias de cruz. Por detrás de cada cruz uma história triste a ser contada.

Lá pros lados do talhado , na ladeira dos Montes, existe uma cruz marcando mais uma das tantas histórias tristes. A história da finada Marta.

Contam que há muito tempo atrás Marta contraiu a lepra e fora abandonada por sua família no meio da floresta. Ali ela viveu como bicho do mato.

Sua alimentação era deixada em cuias e latas na beira da estrada para que ela fosse pegar e matar a sua fome.

Um dia, Deus todo poderoso e misericordioso acabou com o sofrimento de Marta. Seu corpo mutilado ficava na terra sua alma sofrida subia aos céus.

Dizem que ali mesmo ela fora enterrada. Porém Marta não seria apenas uma triste história. Depois de tanto sofrer, morrer e ser enterrada, o lugar onde seu corpo fora depositado, em volta a uma cruz singela, começaram a aparecer flores de toda natureza, flores antes nunca nascidas naquele lugar. As flores eram tão perfumadas que abelhas e borboletas se multiplicavam embelezando o local

A história se espalhou, e em pouco tempo o que era uma cruz se transformou em capela, as notícias de graças alcançadas se espalhavam pelos mais distantes lugares e os devotos eram tantos que virou até romaria.

Reza a Lenda que quando o vento começa a soprar forte lá pras bandas do talhado, um cheiro intenso se espalha no ar. E, um vulto desce do céu brilhando mais que o luar.
Todos juram que é Marta, ela vem visitar, as árvores, os pássaros pois ali nos tempos difíceis passou a ser o seu ninho e ela de tempos em tempos retorna aos velhos caminhos.

TEXTO:Dalinha Catunda
Foto: 1.bp.blogspot.com/.../s400/mulher+ao+luar.jpg

NOTA DO BLOG:

A cruz da finada Marta, realmente existiu.
Hoje em seu lugar existe uma capelinha onde romeiros devotos pagam suas promessas.
Eles atribuem a Finada Marta milagres conseguidos.
De posse das informações e com um pouco de criatividade, vou registrando as histórias que passam de pais para filhos, formando, assim, um legado para as novas gerações de Ipueiras-Ceará, minha cidade.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

O TETÉU ME AVISOU



O TETÉU ME AVISOU

Ouvi a zuada do Tetéu
Eu olhei para porteira.
Vi meu amor chegando
Meti os pés na carreira.
Me joguei em seus braços,
E foi tanto beijo e abraço,
Que me deu até tonteira.

Entre nós dois se jogou
O cachorro de estimação.
Um velho vira-lata,
Que atende por barão
Latindo e abanando o rabo
Demonstrando satisfação.

Hoje a galinha caipira,
Vai cheirar lá na panela
Vou fazer como ele gosta,
Com pirão e à cabidela
E vou separar só pra ele
Coração fígado e moela.

Uma cachacinha já tem,
Vou ao pé buscar cajá.
Um suco bem refrescante,
Ligeirinho vou preparar,
Vou caprichar no almoço,
Sem me esquecer do jantar.

No terreiro à noitinha
Vai ter dança e cantoria
Para celebrar a volta,
De quem é minha alegria
E que longe de casa, feliz,
Por certo jamais viveria.

Mas a festa só se acaba,
Ao matar a minha sede.
Suando junto com ele
No balançado da rede.
O armador que agüente!
Pra não cair da parede.



Texto de Dalinha Catunda.
Foto retirada do: flordomandacaru.blogspot.com

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

ESPAÇO PARA UM AMIGO




Versos de Valter Montani e Dalinha Catunda

1-Minha querida Dalinha
venho aqui com satisfação
pois és uma amiga querida
e de grande coração.

2-Prezado Amigo Valter,
A satisfação é minha,
Em receber um Montani,
No cantinho da Dalinha.

3-É peso especial, inteligente
forte e com o tempero do sertão
acorda com o cantar do galo
dorme quando a lua faz clarão.

4-Acato seus elogios
Como auspiciosa oferta,
Também tenho meu apreço,
Por você caro poeta.

5-Sempre se lembra dos amigos
e nunca nos deixa na mão
demonstrando o seu carinho
em versos recheados de emoção.

6-Prestigiar os amigos
Desta nossa confraria,
É um prazer redobrado
Que me traz muita alegria

7-Ter você como amiga
é um privilégio,
e agradeço a Deus
que num dia com sua sabedoria
Me mostrou o seu cantinho
e me fez te conhecer
e daqui minha amiga...
Saio mais não.

8-Ter você como amigo,
Confesso que me faz bem.
E a Deus todo poderoso
Eu agradeço também.

Amigos, este poetacard postado, é uma criação de Valter Montani com um texto meu, postado como comentário em seu blog: www.valter.poeta.blogspot.com

O texto em versos, onde Valter aparece nas estrofes ímpares e eu nas pares é a minha resposta a um comentário de Valter em meu blog.

Hoje estou abrindo este espaço para Valter e certamente abrirei para outros amigos que gentilmente tem prestigiado a mim e ao meu blog.
Um abraço a todos,
Dalinha Catunda

terça-feira, 11 de agosto de 2009

REFLORIDA


Foto do acervo do blog. Jitiranas, flores silvestres que brotam na caatinga após as chuvas.

REFLORIDA
*
Eu já fui botão de rosa
Sonhando em desabrochar.
Os beija-flores rondavam
Na ânsia de me beijar.
No jardim da juventude
Vivemos a plenitude
O esplêndido vicejar.
*
Porém o tempo não pára.
Fez-me rosa esmaecida.
Já não sou botão de rosa,
Sou só pétala caída,
Mas vou adubando o chão,
E vivendo com emoção
A cada ciclo da vida.
*
Que venha então o outono,
Pois dele não vou fugir.
Minhas folhas desgastadas
No chão deixarei cair.
Renovarei minha vida,
Com certeza reflorida,
E apostando no porvir.
*

Foto e verso de Dalinha Catunda

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

MEU PAI, ESPEDITO CATUNDA


Foto do acervo do blog.

MEU PAI, ESPEDITO CATUNDA

Pai essa sua grande força,
que não sei de onde vem.
Essa sua notável lucidez,
é comovente também.
É com grande alegria,
que vejo essa teimosia,
de quem tantos anos tem.

Faz pouco caso do tempo,
e por ele vai passando.
Com sua longevidade,
a todos vai encantando.
Sem ligar para as mazelas,
ainda acha a vida bela,
e assim vai caminhando.

Hoje uma bengala,
ajuda a guiar seus passos.
Nas ruas por onde anda,
recebe carinho e abraços.
Ainda sorrir para a vida,
Essa figura querida,
que já encurta seus passos.

Eu só queria pedir,
a cada um de meus irmãos,
que pensem bem nos seus atos,
e prestem muita atenção.
Ponham a mão na consciência,
e procedam com muita decência,
para depois não pedir perdão.

Espedito Catunda de Pinho,
É meu pai, minha fortaleza.
Quantas vezes ele já caiu,
mas nele não vi fraqueza.
Sempre se levanta mais forte.
Ele sempre será meu norte,
Disso tenho toda certeza.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

O COURO NA JANELA


Foto.commjesus.com.br/.../abril/1MulherOrar.jpg

O COURO NA JANELA

Esse é um “causo-piada” que por mais de uma vez, ouvi nos alpendres e calçadas das Ipueiras. Quando o povo ainda tinha o hábito de se reunir em volta das grandes bacias de alumínio ou cestos de cipó debulhando milho e feijão.

Contam que um sujeito do interior, casado, tinha como ofício, vender e comprar couro de animais.E por conta da profissão estava sempre a viajar.

A mulher que gostava de pular a cerca, ou costurar pra fora, como se costuma dizer no interior, arrumou um amante. E, toda vez que o marido viajava, ela pendurava um couro na janela para avisar o sujeito que o marido tinha viajado e o espaço estava livre para ele.

Certo dia o marido viajou, porém o tempo ruim, o trouxe de volta antes do combinado. Muita chuva, muita lama seguir viagem era impossível. Chegando em casa, jantou e foram dormir. Já era tarde da noite, quando o marido ouviu umas pancadas na porta.
Ele muito medroso perguntava: --Mulher que “diacho” é isso!? E a mulher sabendo dos medos do marido, respondeu:- -- só pode ser alma, marido, coisa do outro mundo, assombração!
---- E agora?
----Pode deixar que vou até a porta, faço uma oração especial e ela sobe para o céu ou seu lugar de direito.
E o marido:- -- Só se for você mesmo, por que eu não tenho coragem, morro de medo de assombração.
Assim a mulher foi até a porta, e começou sua oração especial para espantar visagem:

“ As almas que andam penando,
vão para o reino da glória,
meu marido está em casa,
me lembrei do couro agora.”.

Acabando a oração, voltou tranqüilamente a dormir ao lado do marido medroso, que estava embrulhado da cabeça aos pés.

Texto:Dalinha Catunda

domingo, 2 de agosto de 2009

A CANTADA E A PICADURA


Foto:.quebarato.com.br

A CANTADA E A PICADURA

Foram noites e noites mal dormidas até finalmente encontrar uma solução.
Por mais que eu tentasse me esquivar, elas se repetiam, para o meu desespero, parecendo até pesadelo.

Realmente, não sei o que era pior, se a cantada ou a picadura.
O Ritual era sempre o mesmo. Uma cantada impertinente seguida de ataque corporal, que dava prazer a eles, mas que quase sempre deixava um rastro de sangue e marcas por todo meu corpo.

Andei conversando com uma amiga que já havia passado pela mesma situação, e ela me sugeriu fechar as portas e janelas, antes das 18: hrs, pois era geralmente, nesta hora, que eles costumam invadir as casas para fazer suas barbaridades. Até tentei... Mas sem resultado.

Cada vez que eles se apoderavam de mim e conseguiam o desejado escapando satisfeitos, uma coceira intensa tomava conta do meu corpo deixando-me toda empolada, para completar o martírio.

Pensei então, em resolver o caso do meu jeito. Continuar com aquele sofrimento, não tinha nenhum cabimento.

Botei a mão no bolso, entrei numa loja, comprei um mosquiteiro, pendurei no teto e cobri cuidadosamente toda a cama.

Só assim consegui livrar-me dos intrusos que insistiam em acabar com meu sossego noturno.

Agora, sim. Debaixo de um mosquiteiro, desse bendito véu, não tem cantiga de pernilongo, muriçoca, mosquito ou coisa do gênero, chateando meus ouvidos e se apoderando sem piedade do meu corpo com suas torpes picadas.

Texto: Dalinha Catunda