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terça-feira, 29 de maio de 2007

Em Nome do Jatotobá

Foto: de Carlos Moreira
Em Nome do Jatobá

Em Tempos de Meio Ambiente nada melhor me ocorre do que falar do meu velho e querido Jatobá. Rio de minha infância, de minha mocidade e de minha eternidade, pois mesmo quando eu estiver em outro plano minhas palavras permanecerão a enaltecer esse rio que ficou tatuado em meu coração.

O Jatobá rio que serpenteia a cidade de Ipueiras mora nos versos de Costa Matos, de Kideniro Teixeira, de Maurício Moreira, nos versos de Jeremias, nos contos de Frota Neto, nas crônicas de Bérgson Frota, Marcondes Rosa e no coração de cada um, que deu bundacanasca, jogou cangapé e feliz timbungou em suas águas.

Hoje o Jatobá, inspiração de poetas e escritores da terra, mais do que nunca carece da palavra dos que tem voz ativa. Pois o Jatobá dos “álacres banhos” da alegria da criançada se restringe a meras lembranças. A poluição, o desmatamento, a retirada insensata da areia vem degradando nosso rio que hoje não é mais nem sombra do que fora passado.,

Ainda temos oiticicas, ingazeiras, carnaubeiras, pau-d’arco, babaçu, angico, jurema, sabiá e muitas outras árvores que margeiam o rio, e ainda podem ser salvas. Cabe a cada um de nós fazer o que tiver a nosso alcance para que não se destrua o que restou de nossa fauna e flora. Combater as caçadas, esporte apreciado por muitos, e preserva a natureza para o bem de nosso futuro.



Jatobá Pede Socorro

Eu sou um pobre Rio,
Chamado Jatobá.
Aquele, que na infância,
Costumava lhe banhar.

Veja o meu estado.
Repare como estou.
Com águas tão poluídas,
Perdi o meu esplendor.

Já fui um dia um rio,
De águas claras e transparentes,
Onde peixes de muitas espécies,
Nadavam alegremente.

Já matei a fome de muitos,
Que pescavam em meu leito.
Acho que em minha vida,
Sempre fui um bom sujeito.

Já fui água corrente.
Também água de cacimba.
Por tudo que fui um dia,
Mereço uma melhor sina.

Preservem as minhas margens,
Para que eu possa viver contente.
Com poluição e desmatamento,
Serei apenas um rio doente.


Jatobá

Jatobá ainda menina,
Em tuas águas me banhei.
Sentada às tuas margens,
Mocinha eu namorei.

Quando o rio dava enchentes,
Dá saudades de lembrar.
Dos galhos da oiticica,
Pulava no Jatobá.

Menino pulava da ponte,
Fazendo pirueta no ar.
Caindo de braços abertos,
No fundo do Jatobá.

Jatobá quantas saudades,
Vaga dentro do meu ser.
Quantas vezes tu lavastes,
A seiva do meu prazer.

À sombra de tuas árvores,
Deitava-me a desfrutar,
O sopro de um vento lascivo,
Gostoso a me acariciar.

Aquilo era um paraíso,
Perdeu quem não esteve lá.
Lavando o corpo e a alma,
Nas águas do Jatobá.


S.O.S JATOBÁ

Esta é uma lenda antiga,
Que corre no meu lugar.
Gira de boca em boca,
mas vale a pena lembrar:

Quem nasce em Ipueiras,
E bebe do Jatobá,
Pode dar voltas no mundo.
Mas sempre retornará.

Meu barquinho de papel,
Jogado na correnteza,
Aos meus olhos de menina,
Não havia maior beleza.

Menino pescava de litro,
Outras vezes de landuá,
Escondido atrás das moitas,
Ficava a me espiar.

Nunca perco a esperança,
Nem deixo de me encantar.
Com tudo que me fez feliz,
E pra todo o sempre fará.

Tomar banho lá na volta.
Tomar banho no Angelim.
Nas crôas do seu Esmeraldo,
Ou nas crôas do Matim.

Tudo isso é sonho distante,
E eu peço a população.
Não deixe que o Jatobá,
Seja apenas recordação.

Não matem nosso rio,
Com tanta poluição.
Não privem nossos filhos,
de viver a mesma emoção.





sexta-feira, 25 de maio de 2007

Saudades do Interior

foto: Carlos Moreira


Sair do interior e enfrentar a cidade grande é uma missão quase impossível. Foi uma peleja danada.Acenos e apitos de trem ainda martelam em minha cabeça num eterno revirar de saudadesCidade grande, vida nova, novos e estranhos costumes.Cama de solteiro afugentando-me o sono. A lembrança saudosa da rede, o pé na parede e o balançado a me embalar noite à dentro. A labareda da lamparina acesa atentando minha memória, ardendo em meu pensamento. Faltava a cantiga de grilo, o zum-zum-zum da muriçoca e o cantar repetido do galo.Um pão diferente que em nada lembrava o pão do Vicente. (O Vicente, que era mudo, e depois falou, quando Nossa senhora em sua peregrinação passou por Ipueiras fazendo seus milagres.)Se bem que, lá, o próprio pão, era artigo de luxo, pois muitas vezes escapei, com jerimum com leite, batata doce com leite, cuscuz com leite ou tapioca com manteiga da terra. Escapei no modo de dizer, pois eu achava mesmo era bom.De vez em quando alguém mangava de mim. A nordestinidade denunciada na voz, era o motivo da mangação. Derramar, frouxo, acochado, bulir, eu tive que tirar do meu repertório. O Vixe eu tentei, mas era só me assustar que saia , Vixe Maria!!!!! Desisti...Ainda bem que não fiz como uma amiga que perguntou onde era o monturo pra rebolar o lixo no mato.Mas certamente dei outras mancadas.A única coisa que realmente me deixou feliz foi deixar o penico pra trás. Aquilo era uma esculhambação, eu nuca acertava uma, e foi assim cheguei a conclusão que mijar fora do penico era minha sina.E a Sentina? pense!!! Era ao mesmo tempo sentina e banheiro. No final do muro, ou seja, nos fundos do quintal. No meio aquele bojo quadrado com um buraco no meio. Vamos ser sinceros, até que a posição facilitava o serviço. Num canto, reservado ao banho, uma tacha, que era um grande depósito de água, feito de barro, com uma cuia boiando, cuia esta, que servia para rebolar água no corpo, um sabão feito em casa e uma bucha de pepino, e o kit banho tava completo.Lembro-me como se fosse hoje dos remédios: Pra catarro nos peito, mastruz com leite. Pra inflamação de mulher, garrafada de malva ou casca de aroeira. Quando as crianças tinham febre era um chazinho de folhas de laranja com melhoral e sempre tinha um bolachinha para adular. O que eu não me conformava era com os purgantes que de tempos em tempos éramos obrigados a tomar, Chá de cidreira eu gostava, e também de erva-doce que era feito para os bebês.E os carões? Meninos deixem de chafurdo! Olha esse furdunço aí! Essas tampas não deixam de me atentar, depois partiam para os bofetes e puxões de orelhas, e muitas vezes terminava em pisas.Hoje eu posso dizer que aprendi muito na cidade grande, principalmente a sentir saudades do meu interior.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Aconteceu Na Academia Brasileira De Literatura De Cordel

Foto:Mestre Azulão com a palavraAconteceu Na Academia Brasileira De Literatura De Cordel

Segunda feira dia 21 de maio, o arquiteto, cantor, compositor e cordelista Chico Salles ocupou a cadeira 10 de Catulo Da Paixão Cearense, na Academia Brasileira De Literatura De Cordel.
No evento, além do escritor Antonio Olinto, que ocupa a cadeira 8 da Academia Brasileira de Letras, cujo patrono é o poeta Claudio Manuel da Costa,destaco a apresentação de mestre Azulão, que além de apresentar seu mais novo folheto, saudou o homenageado num belo repente ao som de sua viola. Também fez bonito o cordelista Campinense dizendo versos em homenagem ao mais novo acadêmico.
Entre as figuras notáveis, destaco Ivanberto, um estudioso e incentivador de nossas tradições. Marcus Lucena, radialista, cantor, compositor cordelista, entre tantas outras atividades, O grande benemérito, professor Aragão, que tomará posse no dia 18 de junho, e Dr William J. G, Pinto que também gosta de versejar.
Para louvar Chico Salles fiz um poema popular contando um pouca de sua caminhada:"Nordestino Carioca.”
Meus agradecimentos ao poeta presidente, Gonçalo Ferreira da Silva e sua dedicada esposa, Mena, que abriram as portas para minha entrada neste espaço aconchegante onde a cultura nordestina é revivida e reverenciada amplamente na voz de nossa gente.
Dalinha Catunda




Nordestino Carioca

De Sousa na Paraíba,
No Rio ele aportou.
A cidade maravilhosa,
Chico Salles encantou.
Deu, ela, chance ao poeta,
De seguir a sua meta,
Em tudo que projetou.

Cordelista de mão cheia,
Cantor e compositor,
A cadeira de Catulo
Por merecimento herdou.
Não é só um oportunista,
Seu talento salta as vistas,
Só cego não enxergou.

“Matuto Apaixonado”
“Tigre que virou doutor”
são cordéis interessantes,
que Chico já publicou,
Mas foi com “O Pai do Vento”
Que ele cheio de talento,
Narrando me conquistou.

Chico Salles fará jus
Afirmo e tenho razão
Ao mestre que nos brindou,
Com a mais bela canção.
Catulo da Paixão Cearense,
Esse nobre maranhense,
Pai do “Luar do Sertão”

Parabéns a Chico Salles,
Pela sua caminhada.
Nordestino destemido,
Que botou o pé na estrada.
Tão bonita é sua história
Que guardarei na memória,
Como exemplo de jornada.

Nordestino de nascimento,
Carioca de coração
Entrou nas rodas de samba,
Sem esquecer xote e baião,
Se diz carioca da clara,
Mas eu lavo a minha alma
Pois é gema do sertão.



quinta-feira, 10 de maio de 2007

É ISSO AÍ TIA !

Isa Catunda, Vavá Mourão e Gerardo Mello Mourão

É ISSO AÍ TIA!!!!!

Isa Catunda de Pinho, nascida em 13 de maio de 1911, faz pouco caso do tempo, e com uma lucidez impressionante festeja mais um aniversário.
Aqui minha homenagem a essa querida tia que soube enfrentar a vida com dignidade, sem queixas, e sempre agradecendo a Deus por mais um dia.
Na foto que ilustra esse texto Tia Isa aparece almoçando com Gerardo Mello Mourão. Entre os dois Vavá irmão da nossa amiga Tereza Mourão


FADA MADRINHA

Tenho um mundo encantado
Guardado em minha lembrança.
Fruto de contos e lendas,
Que ouvi quando criança.

As cantigas de ninar,
Que ainda hoje recordo,
Foram contadas por ela
Ao embalar-me em seu colo.

Ela encantou gerações
Com sua sabedoria,
Professora e catequista,
Também filha de Maria.

Assim se resume a histórias,
Da fada que é minha tia.
Sua longa existência,
É meu motivo de alegria.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Flor de maio

FLOR DE MAIO

Flor de encanto e ternura,
Coragem da mãe de Jesus
Pelo bem de cada filho
Suporta o peso da cruz.

Flor que vira fera,
P’ra defender sua cria,
Muitas vezes desesperada,
Se apega a Virgem Maria.

Flor de palavras sábias,
Que minha vida conduz,
Do teu ventre abençoado
Vim ao mundo ver a luz.

Flor da qual eu sou fruto,
E que um dia me viu crescer,
Só depois de ter meus filhos,
Eu passei a lhe entender.